O Dia Internacional da Mulher é uma data importante para reforçar e destacar a luta pela igualdade no esporte. Em entrevista exclusiva ao Portal Sereias, Natália Galhote, supervisora de futebol feminino do Santos, ressaltou a evolução da modalidade nos últimos anos.
Com passagens por clubes como Portuguesa e ABD Botucatu, Natália hoje trabalha para fortalecer a estrutura das Sereias da Vila e ampliar as oportunidades para mulheres na gestão esportiva. Ela acredita que iniciativas como programas de desenvolvimento e maior visibilidade podem impulsionar ainda mais o crescimento da modalidade. Além disso, vê as redes sociais como aliadas na luta por igualdade, apesar dos desafios impostos pelo ambiente digital.
O preconceito e a superação
Ao longo da carreira, Natália Galhote enfrentou desafios marcantes nos bastidores do futebol, especialmente o preconceito. Ela relembra que, no início, ouviu diversas vezes que o lugar da “mulher é para cozinha” ou “cuidando da casa”, reflexo de uma cultura que por muito tempo limitou a presença feminina no esporte.
“Sem dúvida, o preconceito, ouvi diversas vezes que mulher só servia para estar na cozinha e cuidar de casa”, disse.
“Claro, em 2008, quando iniciei no futebol, as coisas eram muito mais difíceis, o preconceito era muito maior, a visibilidade era mínima, o apoio familiar era raro, estruturas eram totalmente limitadas, quem trabalhava com o futebol era realmente porque amava a modalidade. No meu caso, por mais que tenha enfrentado algumas dificuldades em alguns clubes que passei, agradeço muito porque trabalhei com uma geração diferenciada que foi a equipe das Sereias da Vila de 2008 a 2011 e o Santos oferecia o melhor que podia na época para que trabalhássemos e meus pais sempre me incentivaram para que seguisse no futebol”, completa.

Hoje, como supervisora de futebol feminino do Santos, Natalia lida com uma rotina intensa e dinâmica. O trabalho varia conforme a instituição, as competições e as categorias envolvidas, exigindo dedicação total. Segundo ela, há hora para começar o dia, mas nunca para terminá-lo, evidenciando o compromisso necessário para estruturar e fortalecer a modalidade dentro dos clubes.
“Ela pode variar dependendo da instituição, das categorias, das competições, mas geralmente é uma rotina muito agitada, temos hora para iniciar o dia, mas nunca para encerrar”, afirma.
Oportunidades para mulheres
Natalia Galhote acredita que as oportunidades para mulheres no futebol cresceram nos últimos anos, não apenas em cargos de gestão, mas em diversas áreas da modalidade. Para ela, o apoio de clubes, federações e da CBF tem sido fundamental para ampliar essa presença feminina no esporte.
“Sim, não só nos cargos de gestão, mas em todas as áreas. Os clubes, as federações, a CBF também têm apoiado essas situações para que as mulheres estejam cada vez mais inseridas”, opina.
Além da ocupação de cargos estratégicos, Natalia reforça que a melhoria na estrutura e nas condições para as atletas e profissionais do futebol feminino deve ser uma prioridade dos clubes.
“De várias maneiras, como programas de desenvolvimento, redes de apoio, benefícios, visibilidade, marketing, algumas situações como essas podem contribuir significativamente para a melhoria. Aqui no Santos, temos um trabalho bem legal desenvolvido com as Sereias”, comenta.

A força das redes sociais
Para Natália Galhote, as redes sociais têm um papel fundamental na busca por maior visibilidade para as mulheres no esporte, impulsionando movimentos de conscientização e cobrando igualdade de condições. No entanto, ela também alerta para os desafios que esse ambiente digital impõe, como a pressão por atender a expectativas irreais, a exposição constante às críticas e o assédio online.
“As redes sociais têm desempenhado um papel crucial na luta pela visibilidade para as mulheres no esporte, também tem impulsionado movimentos de conscientização e cobrança por igualdade de condições e representação, mas, por outro lado, as redes sociais também apresentam desafios, como a pressão para atender a expectativas irreais, a exposição constante à crítica pública e o assédio online, muitas vezes sem informações verídicas sobre as realidades”, responde.
Evolução do futebol feminino e o Dia Internacional da Mulher
A evolução do futebol feminino nos últimos anos é algo evidente para a supervisora das Sereias da Vila. Segundo Natália, a modalidade tem conquistado mais visibilidade, atraído novos patrocínios e revelado talentos, fatores que demonstram um crescimento contínuo e irreversível.
“É algo muito notável, que reflete diversas mudanças significativas em vários aspectos, como visibilidade, busca de patrocínio, busca de novos talentos, alguns fatores que indicam que o futebol feminino continua cada vez mais em ascensão e não retorna mais ao que era”, opina.
Para Natália Galhote, o Dia Internacional da Mulher é uma oportunidade de reafirmar a luta por igualdade no futebol e de desconstruir estereótipos que ainda limitam a presença feminina na modalidade.
“Representa reconhecimento, igualdade e quebra de estereótipos, pois é uma oportunidade de quebrar padrões que ainda permeiam o meio do futebol, mostrando que, independente de gênero, esse esporte é para todos”, finaliza.