Dani Neuhaus defendeu o Santos entre 2015 e 2018, período em que contribuiu para as conquistas do Brasileirão, em 2017, e do Paulistão, em 2018. Além disso, foi vice-campeã da Copa Libertadores em 2018. Todo esse sucesso, é claro, reflete um grande esforço e sacrifícios ao longo de sua trajetória.
Em entrevista ao Portal Sereias, Dani Neuhaus compartilhou suas experiências no futebol feminino, destacando os desafios enfrentados pela categoria, como o preconceito e as diferenças de tratamento no exterior, onde atua atualmente na Grécia. Além disso, falou sobre os desafios financeiros da profissão e seus planos para a carreira pós-futebol, reforçando a necessidade de igualdade, especialmente no Dia Internacional da Mulher.
Vivência de Dani Neuhaus com o futebol
Dani Neuhaus destacou que, apesar da evolução do futebol feminino, o preconceito ainda persiste, especialmente devido à percepção de que o futebol é, tradicionalmente, um esporte masculino. Para a goleira, é difícil encontrar alguém que não tenha enfrentado algum tipo de discriminação ao longo de sua carreira.
“Acho difícil ter alguém que fale que não sofreu preconceito, o futebol perante a sociedade ainda é um esporte masculino, mesmo que tenha evoluído, tem muito caminho pela frente para conseguir quebrar essas barreiras”, afirmou.
Sobre a evolução do futebol feminino, a goleira diz que, para continuar crescendo, é necessário investimento na categoria. No entanto, também lembra que é preciso uma maior profissionalização das atletas.
“Acredito que o principal é investimento e que grandes marcas acreditem no produto a longo prazo e não apenas a curto prazo. Mas nós, como atletas, também precisamos ser cada vez mais profissionais, para que haja interesse de quem olha de fora. Digo pelo que vejo aqui: eu vivo para o futebol, dedico tempo em treinos na academia para cuidar do corpo que é meu instrumento de trabalho, a alimentação, infelizmente temos que deixar de ter uma vida social normal para estar 100% para o futebol”, afirmou a jogadora.

Com 31 anos, Dani já foi convocada para defender a Seleção Brasileira e esteve ao lado de Marta. A goleira revelou que a histórica camisa 10 é a sua referência no esporte.
“Mesmo sendo goleira, sempre tive como referência a Marta, pela trajetória que ela teve, e foi assistindo a ela jogar no Santos pela TV que falei para meu avô que um dia jogaria no Santos e sou muito realizada por conseguir alcançar esse objetivo.”
Atuar em outros países
Dani Neuhaus ressaltou a grande diferença no tratamento do futebol feminino entre os países, destacando a valorização das atletas estrangeiras na Grécia.
“Existe uma diferença muito grande, mas acredito que aqui na Grécia eles valorizam muito as atletas estrangeiras que vêm para agregar ao campeonato, atletas que trazem o profissionalismo para dentro de um esporte que ainda precisa evoluir muito”, respondeu Dani.
“Estou sempre acompanhando os jogos quando posso (futebol brasileiro), mas está nítido que está um futebol mais bem trabalhado, fisicamente as atletas estão mais fortes e rápidas e nota-se que taticamente estão muito mais bem estudadas”, completou.

Futuro de Dani Neuhaus
Uma das dificuldades do futebol feminino é a questão financeira. Dani Neuhaus falou sobre como isso afeta a aposentaria das jogadoras e como a goleira lida com o assunto.
“Temos sempre que pensar que precisamos ter uma carreira após pararmos de jogar, por isso estou aproveitando ao máximo enquanto posso, porque sei que depois isso vai mudar. Estou investindo na minha carreira pós-futebol, fazendo cursos e estudando, para estar preparada, e tenho financeiramente investido no que possa me rentabilizar o máximo possível”, contou.
Dani Neuhaus revelou seu interesse em continuar no futebol após a aposentadoria, destacando seu curso de treinadora de goleiras como um passo importante para sua trajetória futura.
“Sim, já tenho curso de treinadora de goleiras, mas também sempre tive muita vontade de continuar no futebol, mas como parte da organização, por já viver muito. Às vezes sei que coisas pequenas podem ser corrigidas e melhorar a estrutura para atletas”, revelou a goleira.
Dia Internacional da Mulher
Para Dani Neuhaus, o Dia Internacional da Mulher simboliza a força e a capacidade das mulheres em conquistar tudo o que desejam, independentemente das adversidades. Ela destaca que, embora muitas vezes não sejam devidamente valorizadas, as mulheres sabem o quanto se dedicam e lutam.
“O Dia da Mulher é só a prova de que somos capazes de fazer e realizar qualquer coisa que desejamos, não somos inferiores em nada, mesmo que não valorizadas, só nós sabemos o quanto lutamos por algo e nos entregamos de corpo e alma”, finaliza.