No dia 17 de outubro de 2010, as Sereias da Vila sagraram-se bicampeãs da Copa Libertadores da América, fazendo com que o Santos fosse o primeiro clube brasileiro a conquistar o bicampeonato feminino da competição.
As Sereias da Vila chegaram para a disputa da Libertadores de 2010 como favoritas. Embora a rainha Marta já tivesse deixado a equipe, a base havia sido mantida com Cristiane, Maurine, Alline Pelegrino e Carol Arruda. E, entre as jogadoras que contribuíram para essa conquista memorável, estava a volante islandesa Thorunn Jonsdottir.
A chegada de Thorunn: da terra do gelo, para o país tropical
Thorunn nasceu em Reykjavík, na Islândia. Antes da chegada ao Peixe, passou por KR (Knattspyrnufélag Reykjavíkur) e Rhode Island (EUA). Após ser eleita MVP (jogadora mais valiosa da equipe) da Universidade de Rhode Island e conquistar duas vezes o título da Copa da Islândia, recebeu o convite do Santos.
“Quando cheguei, o Santos tinha acabado de ganhar o Paulista em 2007 e eu cheguei para jogar a Copa do Brasil em 2008, que foi o que nos classificou para a primeira Libertadores. Quando fomos campeãs da Copa do Brasil, era no dia do meu aniversário, então foi surreal. Eu ia ficar só três meses para jogar a Copa do Brasil, mas estava só começando, não estava pronta para sair do Brasil ainda. Estava aprendendo a falar a língua, fazendo amizades e o time estava ótimo. A estrutura era excelente, e Modesto Roma (que descanse em paz) cuidou muito bem do futebol feminino. Cheguei com visto de turista, mas o Modesto conseguiu para mim o visto de trabalho, que não era comum no futebol feminino. Ele fez muita coisa para eu poder ficar e consegui o visto por dois anos. Ele me ajudou muito e ajudou o Santos. E, enfim, acabei me apaixonando pelo Brasil, pela cultura, pelo futebol e queria ficar mais”, disse a ex-volante em entrevista exclusiva ao Portal Sereias.
O segredo do sucesso do bicampeonato da Libertadores
Segundo Thorunn, o sucesso do Santos, bicampeão da Libertadores, é resultado de uma combinação de fatores que uniu talento e estrutura.
“O motivo do sucesso do time bicampeão da Libertadores se deve ao fato de que, quando um time está bom, como o Santos daquela época, começava a ganhar e tinha uma boa estrutura, as jogadoras talentosas queriam jogar nesse time. O sucesso também foi resultado de uma boa mistura de jogadoras que já tinham jogado no Santos há muito tempo e de novas jogadoras que vieram para fazer parte do time, além de um bom treinador”, enfatizou.
Momentos inesquecíveis ao lado de ícones do futebol feminino
Para Thorunn, a experiência de jogar no Santos não se resumia apenas as conquistas em campo, mas também a momentos inesquecíveis ao lado de ícones do futebol feminino. A presença de Marta, reconhecida como a maior jogadora de todos os tempos, trouxe uma nova dimensão à sua trajetória.
“Futebol era minha vida e eu estava com algumas das melhores jogadoras do mundo, incluindo a Marta, a maior jogadora de todos os tempos. Quando ela chegou, na primeira viagem que fizemos, o treinador disse que eu e ela seríamos companheiras de quarto. Ela levou o violão e cantou em sueco, inglês, português… Na hora em que eu estava vivendo isso, parecia normal, mas, quando olho para trás, acho muito louco. Ela é um ídolo no mundo inteiro para o futebol feminino. Jogar com a Marta e vencer a libertadores foi uma honra”, finalizou.
Além da Libertadores e da Copa do Brasil, a ex-jogadora conquistou outros títulos importantes no Peixe, como o Campeonato Paulista em 2010 e o Torneio Internacional Interclubes em 2011.
Em 2017, Thorunn Jonsdottir retornou ao futebol islandês para sua última temporada e aposentadoria do futebol.
Tomara que as Sereias voltem a ser protagonistas no futebol brasileiro 🤍🖤