A treinadora Emily Lima, que fez história ao ser a primeira mulher a comandar a seleção brasileira feminina de futebol, agora lidera a seleção do Peru em sua trajetória internacional. Conhecida por sua determinação em defesa da modalidade, Emily também carrega a marca de última treinadora a comandar as Sereias da Vila, time feminino do Santos, em uma disputa da Copa Libertadores da América. Seu legado no futebol feminino brasileiro e internacional reflete sua habilidade em formar equipes competitivas e promover o desenvolvimento do esporte.
A treinadora conquistou o Campeonato Paulista de 2018, em final contra o Corinthians. Após isso, disputou a Conmebol Libertadores como uma das favoritas. Com campanha impecável e direito a goleada, a equipe se manteve invicta até o fim da competição. Um empate amargo na final levou a disputa para os pênaltis, decretando a derrota das Sereias pelo placar de 5×3.
Em entrevista exclusiva ao Portal Sereias, Emily Lima avaliou positivamente a campanha, mesmo com o vice-campeonato.
“Não é fácil, a cada ano a Copa Libertadores vem se mostrando mais difícil, não é a mesma competição de 10 anos atrás. Chegar a uma final, com um clube cujo país está se desenvolvendo na modalidade e deixar escapar apenas nos pênaltis, eu avalio positivamente. Falhamos nas cobranças de pênaltis, treinamos para isso, mas deixamos o título escapar”.
Sobre o sabor amargo da derrota, a ex-treinadora das Sereias da Vila deixou claro seu ponto de vista positivo do trabalho desenvolvido e destacou o curto período que teve para executá-lo.
“Minha avaliação é muito positiva também pelo tempo de trabalho que tínhamos, e não fiquei com sentimento amargo. Nós não gostamos de perder, mas tenho consciência de que foi feito tudo que era necessário para a conquista. Infelizmente os pênaltis não se desenharam da forma que estavam sendo nos treinamentos. Falhas inesperadas das melhores cobradoras nos credenciaram ao vice-campeonato”, completou Emily Lima.
Saída conturbada?
A personalidade de Emily Lima vai além das quatro linhas. A treinadora é conhecida por ser muito enérgica em suas cobranças sobre estrutura e desenvolvimento da modalidade. Com sua saída decretada logo após a eliminação do time no Campeonato Brasileiro Feminino de 2019, rumores foram levantados sobre uma possível insatisfação da treinadora com a diretoria e até desentendimentos com atletas do elenco.
Questionada, Emily Lima desmentiu as especulações e disse que nunca teve problemas com o Santos e com nenhuma atleta em seus quase 14 anos de carreira.
“Eu não estava insatisfeita, apenas sugeri melhores condições para as atletas, com isso teríamos mais chances de conquistar grandes resultados. Nunca tive nenhum tipo de problema com o Santos, o que falam sobre isso é mentira. Também é falsa a especulação de que tive problemas com o grupo. Estou indo para 14 anos de carreira e nunca tive problemas com nenhuma atleta. Tenho muita gratidão ao Santos, é um clube gigantesco e jamais devemos nos achar maiores que ele. Agradeço a oportunidade de ter comandado a equipe feminina e tenho muita gratidão”, disse.
Rebaixamento das Sereias em 2024
A temporada de 2024 das Sereias da Vila ficará marcada para sempre na história. Pela primeira vez, as Alvinegras da Vila Belmiro foram rebaixadas no Campeonato Brasileiro Feminino. Resultado impactante para um time que já teve estrelas mundiais como Marta e Cristiane, e que foi um dos grandes exemplos de trabalho na modalidade feminina. Sobre este momento, a técnica Emily Lima destacou a importância de um encerramento de ano positivo para um início promissor em 2025.
“É difícil avaliar o trabalho de outros profissionais da área, mas quero deixar aqui meu incentivo para que o time dê a volta por cima já nessa Libertadores. Fico na torcida para que o Santos vá bem e possa, no ano seguinte, se recolocar no lugar de onde nunca deveria ter saído (Série A do Campeonato Brasileiro Feminino)”, afirma Emily.
Sobre as chances do Santos na Copa Libertadores Feminina, Emily Lima se mostrou otimista.
“É uma outra competição. Tenho certeza de que o clube já virou a chave. Fez contratações e mantém a tradição no campeonato. Tenho certeza de que o Santos pode surpreender”, completa.
Evolução do futebol feminino na América do Sul
O futebol feminino vem crescendo, como Emily Lima sempre defendeu. A América do Sul está conquistando cada vez mais destaque, como exemplifica a participação da Colômbia nos Jogos Olímpicos de 2024, chegando até as quartas de final.
O Brasil sempre foi um exemplo, e com suas grandes craques conseguiu fazer frente ao restante do futebol feminino mundial. No entanto, o crescimento e a evolução de outras seleções sul-americanas só engrandecem o esporte e fazem com que o futebol feminino possa sonhar mais alto.
“Não só a Colômbia, na verdade, a América do Sul vem em evolução, sendo o Brasil como espelho, todo mundo no continente querendo chegar ao nível Brasil. Isso ajuda as demais seleções… chegar ao nível Brasil e depois dos outros continentes. Isso vem fazendo com que nós possamos evoluir a cada ano. A Colômbia vem demonstrando, mas também temos Argentina, Venezuela, o próprio Chile, Uruguai, Equador, o Peru tendo a oportunidade de fazer um futebol feminino diferente. Isso é importante para nós. Quando mais competitivos aqui, podemos representar o continente sul-americano fora, em competições internacionais”, disse Emily.
Hoje, além de comandar a Seleção Peruana de Futebol Feminina, a treinador também atua como Coordenadora Metodológica das divisões de base Sub-17 e 20 no país.
“Em curto prazo, a gente conseguiu alguns resultados que se você pensar em fazer um balanço de um ano e meio, é um balanço positivo. E não falo em termos individual, de comissão técnica, nada disso. É um trabalho muito em conjunto. Temos uma abertura grande do presidente, secretária geral, todo grupo peruano. Eu acho que eles realmente querem essa mudança no futebol feminino no país, não só na seleção. Mas, vem se preocupando com a seleção de base, principal, o que podemos fazer de melhor. Desde a nossa chegada, por primeira vez, conseguimos fazer todas as datas Fifa. Conseguimos jogos positivos, negativos, estamos oscilando. Mas isso faz parte da preparação para chegar na Copa América preparado. E depois, já como coordenadora Metodológica, a gente consegue, depois de 18 anos, a Sub-20 para o hexagonal da categoria (sul-americano). Então, estamos tentando continuar com os atletas, país, seleção, clubes, para que eles, dentro de 10, 15 e 20 anos, possam desfrutar de todo o trabalho que a presidência entendeu ser o momento. A gente espera poder contribuir, essa é nossa ideia quando saímos do nosso país. Para que a gente possa ver um futebol melhor dentro da América do Sul, que foi mais ou menos o que fizemos no Equador, e vemos hoje o Equador ganhando jogos, no Sub-17 disputando o mundial. Então, isso é gratificante para todos nós”, finalizou Emily.
Ela é fera competente desbravadora….. Merece todo reconhecimento, fez história e conquistou títulos, quebrou barreiras….. Sem precedentes uma das melhores do mundo Emily lima.