“Elas no Esporte”: mulheres destacam o crescimento da participação feminina no Santos

Por: Portal Sereias e Guilherme Lesnok | 24 de março de 2025 | 15:08
Evento foi realizado na Vila Belmiro (Foto: Gabriella Souza)

Por: Jonathan Luan e Gabriella Souza

Na manhã desta segunda-feira (24), o Santos, em parceria com o Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC) e a Associação Comercial de Santos (ACS), realizou o evento “Elas no Esporte”, que destacou o protagonismo das mulheres no clube. O encontro aconteceu no primeiro andar da Vila Belmiro, no Conselho Deliberativo. O Portal Sereias marcou presença.

A iniciativa contou com a participação da atacante Carol Baiana, da coordenadora do futebol feminino, Thais Picarte, da coordenadora de Relações Públicas do Santos, Isabel Luchesi, da nutricionista Alessandra Favano e da coordenadora de Contabilidade e fundadora da Comissão das Mulheres do clube, Márcia Mendes. A mediação foi conduzida pela jornalista Mayara Rached e por Luiza Pazzini, das Relações Públicas.

O crescimento do futebol feminino

A coordenadora do futebol feminino do Santos, Thais Picarte, destacou a importância da autonomia comercial da equipe, revelando que uma de suas primeiras solicitações à presidência do clube foi a exclusividade da camisa das Sereias da Vila.

“O trabalho interno, assim que cheguei dos primeiros pedidos que fiz ao presidente, foi que a camisa fosse nossa, porque hoje a gente ainda tem patrocínios atrelados ao que tem o masculino. Para vocês entenderem, alguns patrocínios tem uma parte da cota destinada a outras áreas do clube”, disse.

Thaís celebrou o fato Sereias da Vila contam com um patrocínio exclusivo da Arkema, empresa química francesa que também apoia o Campeonato Francês Feminino e a seleção feminina da França.

“E o que a gente luta é para que a nossa camisa sejam exclusivamente negociadas para patrocínios voltados ao futebol feminino. Hoje a gente já tem a Arkema, uma marca francesa, que patrocina a seleção francesa, o campeonato francês da primeira divisão há muitos anos, é uma marca muito forte nesse mercado, nós conseguimos captar e pouco a pouco nós estamos ocupando realmente a nossa camisa com patrocínios voltados ao futebol feminino.”

Carol Baiana comentou sobre as mudanças no futebol feminino após a sanção de uma lei em 2019, que obrigou os clubes da Série A a manterem times femininos de forma obrigatória.

“O futebol feminino teve uma mudança muito grande em 2019, depois da Copa na França, e também com a lei que obrigou todos os times da Série A investir no futebol profissional e de base no feminino”, aponta.

A atacante também destacou a importância da estruturação da modalidade e reforçou a necessidade de um calendário bem-planejado, que permita maior visibilidade para o futebol feminino.

“Então, acho que todas essas ondas a gente tem que aproveitar para surfar, e eu acho que vai ter essa oportunidade para ter um futebol estruturado, com um calendário muito bem feito, para que a visibilidade que acontece aqui seja a visibilidade da mulher do mundo”, completa.

Comissão de Mulheres

O Santos criou uma comissão de mulheres para fortalecer a presença feminina em todas as áreas do clube, promovendo um ambiente mais inclusivo e representativo. Márcia Mendes ressaltou a importância e a necessidade de órgãos públicos acolherem as mulheres.

“As mulheres precisam ter uma base de apoio, elas precisam ser acolhidas e muitas vezes nós não sabemos situações que elas passam até fora do clube. Então nós queremos contar com todos os órgãos públicos, municipais, estaduais, instituições, todos os órgãos que puderem nos acolher”, explica.

A coordenadora também destacou o suporte oferecido pelo clube para mulheres em situação de vulnerabilidade, além do encaminhamento para os serviços adequados.

“Nós vamos poder fazer um acolhimento até um certo ponto. Mas nós precisamos direcionar essa mulher. Falar para ela: ‘Olha, está acontecendo isso com você? Você pode procurar tal, tal, tal lugar, que é lá que vão te acolher e vão te orientar devidamente'”, completa.

Isabel Luchesi falou sobre a presença das mulheres no Santos e relembrou que, quando chegou ao clube, havia apenas uma mulher no Conselho Deliberativo. Atualmente, esse número subiu para sete.

“E quando eu entrei no clube a gente tinha praticamente só a Vilminha Santista. A Vilminha era a grande referência da torcida, eu acho que ela era a única conselheira na época, ela era a única conselheira em 2015 e hoje a gente tem sete mulheres conselheiras deliberativas. Então assim, quando eu entrei no clube até hoje, já aumentou a quantidade de mulheres”, conta.

A coordenadora também agradeceu a Rose Garcia, secretária de Marcelo Teixeira, presidente do Santos, por ser uma das responsáveis por levar o projeto adiante.

“E aí, o apoio da Rose Garcia, que está aqui também, a secretária do presidente, inclusive quero agradecer porque a Rosa foi peça fundamental para que o projeto saísse do papel, foi a Rosa que foi conversar com o presidente sobre o projeto e na hora ele aprovou e também escreveu ‘excelente iniciativa’, então a gente tem que agradecer muito a diretoria do Santos, o presidente, porque eles realmente se preocupam com essa questão da mulher dentro do clube”, conclui.

O trabalho com futebol masculino

Alessandra Favano, nutricionista do Santos, falou sobre sua convivência com os atletas, destacando que é a única mulher que integra a equipe técnica do clube. Ela explicou como sua presença é constante nos treinamentos e jogos, sendo associada à parte de alimentação, e como essa relação com os atletas, especialmente com os mais jovens, é vista quase como um cuidado materno, criando um ambiente de proximidade e respeito.

“Eu estou em todos os treinamentos, eu estou em todos os jogos, eu estou muito presente ali, por estar relacionada a parte de alimentação, muito ali me associam como se fosse uma família, nos mais novos, como se fosse quase um cuidado materno. Então, é uma relação muito gostosa, a relação com o atleta. A Mayara comentou em eu ser a única mulher da equipe técnica. Eu tenho muito respeito, muito respeito mesmo, do tratamento dos atletas em relação a mim. Eles têm, inclusive, um cuidado muito interessante. Por exemplo, às vezes, alguns sem querer falam uma palavra ruim e o outro já fala ‘A Alê está aqui tenha respeito.’ Isso é uma coisa que me toca muito. É uma situação que me chama atenção. Porque, infelizmente, alguns ainda não têm essa postura, mas a maior parte, eu posso falar, é com alegria. Tem esse tipo de comportamento”, disse.

“Porém, o respeito se conquista. Existe tem respeito quando você se dá o respeito. Então, eu sempre falo para uma pessoa que queira entrar na minha função, ou em outra função, que fique muito em contato diretamente com as atletas, você tem que ter uma postura. A mulher, ela tem que ter postura. Eu tenho aqui uma colega que, a Larissa, trabalha lá no CT. Ela não fica, assim, nesse contato tão intenso como eu tenho com as atletas no dia a dia, mas convive também. Nós temos que ter postura. Tem que saber como se portar perante eles. Então, é não entrar em situações de que você vê que são coisas mais delicadas. Por exemplo, eu sendo mulher, não fico dentro do vestiário em um momento em que as atletas estão se trocando obviamente”, concluiu.

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