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Dia da Mulher: Kelly e a nova vida como auxiliar: “Posso aplicar o que aprendi”

Kelly pendurou as chuteiras em 2024 (Foto: Bruno Vaz/Santos FC)

Duas Libertadores, um Brasileirão, quatro Campeonatos Paulistas e duas Copas do Brasil. Esse currículo recheado de títulos agora é ampliado com uma nova missão: a de treinadora. Esta é a trajetória da ex-zagueira Kelly, atual auxiliar técnica das categorias de base do Santos.

Nesse Dia Internacional da Mulher, em uma conversa exclusiva com o Portal Sereias, Kelly compartilhou sua visão sobre a evolução da modalidade, os desafios da transição de carreira e os avanços que ainda precisam acontecer, tanto dentro quanto fora de campo.

Evolução no futebol feminino

Com 37 anos, Kelly teve uma longa carreira no futebol feminino. Seu primeiro clube foi o Juventus, de São Paulo, em 2005. Desde então, a categoria já passou por grandes evoluções.

“Se eu comparar a evolução de quando comecei a jogar com os dias de hoje, a melhora é significante em vários aspectos, competições, mídia, patrocínio, público, categorias de base e por aí vai”, disse.

“Sim. Tem melhorado em vários aspectos. Cada ano que passa os profissionais de todas as áreas estão mais preparados, fazendo com que as coisas evoluam naturalmente”, completa.

Pendeurar as chuteiras e novo momento

Como atleta, Kelly enfrentou um grande obstáculo em sua carreira: uma lesão no tornozelo que a afastou dos campos por dez meses e colocou em dúvida a continuidade de sua trajetória no futebol. Apesar das adversidades, ela se recuperou com sucesso e conseguiu retomar sua carreira, superando o desafio com determinação e perseverança.

“Minha maior dificuldade como atleta foi enfrentar uma lesão de tornozelo que durou dez meses e colocou em dúvida a sequência da minha carreira (graças a Deus tive um bom retorno)”, explica.

A transição de jogadora para treinadora auxiliar foi uma nova fase cheia de aprendizado. Ao longo de sua carreira, Kelly teve a oportunidade de trabalhar com profissionais que a incentivaram a entender o futebol de uma forma mais ampla, além da prática diária.

Kelly disputou 188 jogos pelo time do Santos (Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC)

“Durante toda minha carreira eu trabalhei com profissionais que me incentivaram a conhecer o futebol, não só pela prática em si. Então eu posso aplicar todos os dias o que aprendi durante minha carreira. Junto a isso tenho aprendido com os profissionais com os quais trabalho, aumentando ainda mais o meu leque de conhecimento e ampliando minha visão sobre o futebol”, disse.

Kelly não hesita ao afirmar que aceitaria o desafio de treinar uma equipe masculina, mostrando seu gosto por novos desafios e sua disposição em quebrar barreiras no esporte. Apesar do tabu ainda presente, ela acredita que o cenário pode mudar e está disposta a enfrentar as dificuldades que surgirem, comprometendo-se a dar seu melhor, assim como sempre fez durante sua carreira.

“Assumiria sim, gosto muito de desafios e viver coisas novas. Creio que não seria fácil, pelo próprio tabu que você citou, mas eu toparia e daria meu melhor como sempre faço no meu dia a dia”, contou.

Além disso, Kelly acredita que não há diferença entre ser treinada por homens ou mulheres.

“Pra mim é tudo a mesma coisa, fui treinada por excelentes profissionais, independente do gênero.”

Kelly trabalha como auxiliar na equipe Sub-20 do Santos (Foto: Divulgação)

Diferenças entre jogadora e auxiliar

Assim que se aposentou, Kelly já assumiu o cargo de auxiliar técnica do Sub-15 feminino do Santos. A ex-jogadora nos revelou que o trabalho fora de campo é maior:

“Acho que dentro de campo é um pouco mais fácil viver o jogo, colocando em prática tudo o que você já tem pelo próprio talento, juntamente com os treinamentos aplicados. Fora de campo é preciso estudar muito mais, se preparar muito mais, prever situações, pensar e coordenar o movimento das 11, além das possíveis substituições. Do lado de fora é bem mais trabalhoso”, revela.

Agora na beira do campo, como treinadora auxiliar, Kelly diz que o respeito por ela é ainda maior:

“O respeito é ainda maior. Como jogadora sempre fui respeitada e exerci o papel de liderança. Mas como treinadora sinto uma troca melhor com todas. Não sei se por conta da hierarquia”, completa.

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