Da vulnerabilidade à vitória: a trajetória do Pérolas Negras, adversário do Santos na Copa do Brasil

Por: Guilherme Lesnok | 11 de junho de 2025 | 11:00
Pérolas Negras é uma academia de futebol que nasceu em 2010 (Foto: Cleiton Ramos)
Pérolas Negras é uma academia de futebol que nasceu em 2010 (Foto: Cleiton Ramos)

O Santos estreia na Copa do Brasil Feminina nesta quarta-feira (11), às 21h, na Vila Belmiro, pela segunda fase da competição. Mas, se para as Sereias da Vila será o reencontro com um torneio do qual é bicampeão, para o adversário Pérolas Negras, o desafio vai muito além do futebol. Fundado com um forte compromisso social, o clube do Rio de Janeiro atua também em áreas como educação, meio ambiente, inclusão e internacionalização, usando o esporte como ferramenta para promover transformação e impacto positivo em diversas comunidades.

O Pérolas Negras é uma academia de futebol que nasceu em 2009 no Haiti, idealizada pelo Viva Rio, com o propósito de promover inclusão social e igualdade por meio do esporte. Voltada para refugiados e jovens brasileiros de favelas e periferias de baixa renda, a instituição oferece, ao mesmo tempo, casa, escola e centro de treinamentos. O projeto busca capacitar seus atletas não apenas para o alto rendimento no futebol, mas também para que se tornem protagonistas de suas próprias histórias.

Equipe de futebol feminino do Pérolas Negras (Foto: Kauã Novaes)

Em 2014, o projeto chegou ao Brasil, onde ganhou um moderno Centro de Treinamento na região do Vale do Café, em Paty do Alferes (RJ). Atualmente, o clube conta com um Centro de Treinamento em Resende (RJ) e é federado na Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj). O Pérolas Negras é a única instituição das Américas que abriga refugiados em seu time, integrado por haitianos, sírios e brasileiros em situação de vulnerabilidade social.

Além do time profissional, que manda seus jogos no Estádio Municipal do Trabalhador, em Resende, o Pérolas Negras mantém equipes nas divisões de base da Ferj, incluindo a categoria Sub-17, que nasceu do projeto voltado para jovens das comunidades faveladas do Rio de Janeiro, e a categoria Sub-20, que reúne jogadores de diversas nacionalidades.

O projeto vai além da formação esportiva, preparando seus atletas para carreiras dentro do futebol, mesmo que não sigam como jogadores. Funções como assistente técnico, treinador de goleiros, massagista, árbitro e roupeiro fazem parte das possibilidades para aqueles que passam pela academia.

Com parcerias nacionais e internacionais, o Pérolas Negras oferece oportunidades para jovens talentos de comunidades brasileiras e refugiados, promovendo educação, crescimento profissional e empreendedorismo, com o futebol como ferramenta de transformação social.

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Futebol feminino

O Pérolas Negras conta com uma equipe feminina que se destaca no cenário esportivo brasileiro. Em sua estreia, o clube conquistou o título da Série C do Campeonato Carioca, garantindo o acesso à Série B em 2018. Atualmente, a categoria feminina disputa a Série A do Campeonato Carioca e conquistou a Taça Unifoot em 2020. O time treina no Centro de Treinamento Vila Maia, localizado em Itatiaia-RJ, e manda seus jogos no Estádio Municipal Antônio Corrêa.

No site oficial e nas redes sociais, o clube apresenta o futebol feminino como uma missão de valor, destacando a luta pela igualdade de gênero como uma força para empoderar as mulheres.

Centro de Treinamento na cidade de Itatiaia-RJ, mais conhecido como CT Vila Maia (Foto: Kauã Novaes/@kauanvs.foto)
Centro de Treinamento na cidade de Itatiaia-RJ, mais conhecido como CT Vila Maia (Foto: Kauã Novaes/@kauanvs.foto)

Impacto social e ambiental

O projeto Pérolas Negras tem ampliado sua atuação muito além das quatro linhas, com impactos expressivos tanto no campo social quanto ambiental. Ao todo, mais de 3.000 crianças e jovens são beneficiados por ações de formação cidadã e esportiva, enquanto 1.000 atletas infantojuvenis participam de competições organizadas pelo clube. A Academia Pérolas Negras também mantém 240 atletas nas categorias de base e oferece reforço escolar a 1.000 alunos do ensino fundamental e médio. Além disso, 20 bolsas de estudos em cursos superiores são concedidas a atletas e membros do staff, reforçando o compromisso com a educação e o desenvolvimento humano.

Na área ambiental, o clube adota uma iniciativa original: a cada gol marcado, 100 árvores são plantadas. Essa ação já promoveu o reflorestamento de bacias importantes como as dos rios Paraíba do Sul e Guandu, com a introdução de cerca de 80 espécies nativas da Mata Atlântica. O Pérolas Negras atua em parceria com instituições como a CEDAE, a Universidade Rural, o instituto Crescente Fértil e as prefeituras de Piraí e Paracambi, consolidando uma rede de cooperação voltada à sustentabilidade e à preservação ambiental.

Com esse modelo, o Pérolas Negras reafirma sua proposta como um projeto esportivo de transformação social e ambiental, unindo futebol, educação e consciência ecológica em uma estrutura sólida e de impacto real nas comunidades onde atua.

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