As Sereias da Vila retornaram à elite do futebol brasileiro após uma remontagem do elenco e um processo de reconstrução interna nesta temporada. Com o acesso garantido, Thaisinha falou sobre a trajetória no Santos nos últimos meses e projetou as expectativas até o fim de seu contrato, em 2026.
Na última temporada, as Sereias viveram o pior momento de sua história: o primeiro rebaixamento. Pela atuação da equipe, uma das líderes, Thaisinha, foi alvo de críticas. A atacante, porém, revelou que em diversos jogos esteve em campo sentindo dores e sem estar 100% fisicamente.
“Eu nasci com o menisco discoide. O nosso menisco, ele normalmente tem que ser um “C”, o meu de nascença é um disco (fechado) mesmo. Em 2021, eu fiz minha primeira cirurgia que foi do menisco, só que além dele, eu tenho problema de cartilagem no joelho. Então, eu fiz a mosaicoplastia no joelho direito. E no ano passado, o joelho esquerdo começou a gritar também”, explicou a atleta em entrevista ao Esporte por Esporte.
Além disso, Thaisinha revelou que já disputou partidas com costelas fraturadas, ombro deslocado e lesões de terceiro grau, inclusive durante a Libertadores — relato que reforça as recentes declarações do técnico Caio Couto sobre a atleta.
“Passo a madrugada me tratando, fazendo gelo e com aparelhos que tenho aqui em casa”, completou.
Propostas para sair
No final do ano passado, depois do rebaixamento, a camisa 10 revelou que clubes a procuraram, inclusive os que disputariam a Libertadores esse ano, mas ela decidiu ficar por acreditar no projeto.
“Particularmente, tive propostas no final do ano passado para deixar o clube e não quis. Eu fiz parte por ter colocado o Santos nessa situação e poderia muito bem ter ‘metido o pé’ e ido disputar a Libertadores este ano, ganhando mais. Mas não se trata só de futebol, né? É muito mais do que isso, é uma questão de responsabilidade com o clube que você ama, com o clube que você defende. Por isso, quis ficar no Santos para fazer parte dessa reconstrução, porque acreditamos no projeto”, afirma.
Visão de futuro e grupo das Sereias
Confiante no projeto de reconstrução do futebol feminino do Santos, Thaisinha destacou a ambição da equipe para além do acesso à elite nacional. Segundo a camisa 10, o grupo segue motivado a brigar pelo título da Série A2 do Brasileiro, mesmo após o tropeço no Campeonato Paulista. A jogadora também ressaltou o equilíbrio do elenco montado por Caio Couto, que mistura juventude e experiência.
“A gente não se contentou só com o acesso. Se Deus quiser, vamos chegar a uma final da A2. Vamos buscar o Paulista. Infelizmente, acabamos tropeçando no caminho, mas temos totais condições”, ressaltou Thaisinha.
A capitã fez elogios à nova geração das Sereias da Vila, que tem ganhado espaço na equipe principal, e reforçou a importância de valorizar e manter as joias da base no clube. Em tom de despedida, Thaisinha disse acreditar no crescimento do projeto e garantiu que seguirá acompanhando de perto o desenvolvimento do time, mesmo quando já não estiver mais em campo.
“É o que falei, o projeto tem sido feito, ano que vem as coisas tendem a melhorar, né?! E é isso, eu acredito no projeto, daqui a alguns aninhos bem próximos eu não vou estar mais. Mas, cara, eu sou Santos para sempre, vou estar sempre acompanhando, vou estar sempre pertinho, e essa geração que vem aí das Sereias, vocês podem anotar o que eu estou falando, vêm com tudo. Lapidar essas joias que a gente tem na base, não deixar elas saírem, que é o mais importante, que eu tenho certeza que daqui a uns anos a gente vai ser muito grande com elas”.
“O grupo esteve fechado no sentido que todos as atletas são importantes, né!? O Caio Couto é um ótimo técnico, é um excelente ser humano. Ele nunca deixou as meninas que estão na fisioterapia de um lado, as titulares de outro, o time B de outro, as reservas de outro”, seguiu.
Thaisinha pediu desculpas aos torcedores pelo conturbado ano passado, assumindo a responsabilidade pelo momento vivido. Em tom emocionado, afirmou que a fase deixou uma marca dolorosa em sua trajetória, algo que jamais imaginou enfrentar com a camisa do Santos. Apesar de acreditar que a cicatriz talvez nunca seja totalmente curada, destacou que, mesmo na dificuldade, foi quando sentiu de forma mais profunda o amor pelo clube.
“Desculpa por tudo o que aconteceu o ano passado, a gente assume nossas responsabilidades, a gente está aqui para os torcedores ouvirem, falar o que eles precisam falar e é isso, a gente deixou uma marca no clube que jamais imaginaríamos. Nem nos meus piores pesadelos eu imaginei viver o momento que vivi o ano passado com a camiseta dos Santos, é uma parada que machucou demais, machuca muito, é uma cicatriz que talvez nunca vai ser curada. É claro que ela vai cicatrizar, mas ela sempre vai ser lembrada ali, mas foi um momento também que, por mais difícil que foi, eu senti de verdade, assim, o que é amar essa camisa”, finalizou.
